"Livrai-nos do mal”, reza o Pai Nosso, Mateus (6, 9-13). Mas, mais que crer e confiar em Deus, há de se dar-Lhe uma mãozinha. Em outras palavras, previna-se do mal.
Como o mundo “aumentou”, o mal não está mais apenas ao alcance de sua vista e de seus passos. É, meu caro, o mundo, e o mal também, globalizaram-se. Ele não se resume mais aos seus vizinhos, amigos de escola e trabalho e um ou outro parente fora que costumávamos visitar, pois, além das distâncias físicas terem encurtado, o mundo tornou-se virtual. Seja para o bem ou para o mal, as pessoas estão mais próximas, encontram-se mais, suas vidas estão mais públicas.
Antes você conhecia de alguém, talvez um(a) pretendente, os pais, irmãos, notas da escola; agora muitos de seus “amigos” você nunca os viu pessoalmente. Alie-se a isso um grande teatro que proporciona a televisão e as novelas em particular: as pessoas não sabem o que dizem, mas sabem dizer; comportam-se como se fossem dirigidos, algo como se participassem de uma peça de teatro ou um reality show; não entendem a piada, mas sabem que é o momento de rir.
E como se prevenir disso?
Há alguns anos li um livro chamado Decifrar Pessoas (Reading People), escrito por uma advogada especialista em escolha de jurados para a defesa. Ela diz que todo mundo se entrega. Uma rápida leitura das pessoas, considerando, claro, vários fatores como roupa, cabelo, acessórios, gosto musical, hábitos do dia-a-dia, companhias (dize-me com quem andas...), ligações familiares e afetivas, emprego, fotos e frases em perfis públicos (Orkut, facebook, Twitter...) e tantas outras, dizem quem as pessoas realmente são. Há chances de se enganar? Claro que há, mas, em geral, engana-se quem quer ser enganado. Enganam-se os carentes, os desonestos, que querem tirar vantagem, os muito ingênuos, mas, aqui ou ali, podemos nos enganar todos nós.
Mas vai aí uma dica infalível: a melhor prevenção é a prevenir-se de si mesmo. Revise seu “perfil”, público ou não. Pergunte a você mesmo com quem você anda. Preste atenção ao que diz, de quem diz e como diz. Perceba seus assuntos: você fica falando de nada? (tempo, políticos, o assunto da moda dos jornais...); fala dos outros? (o assunto da moda nos jornais, do vizinho, de parentes...); ou fala de idéias e ideais? Procura usar bem seu tempo e seus recursos, para o bem? Mesmo sem esperança que haja um juízo final ou reencarnações, você tenta fazer e deixar um mundo melhor por onde passa? Faz diariamente um mea culpa? E, principalmente, tem respeito pelas coisas? Respeita a roupa que usa, a comida que come, os objetos vivos ou não que fazem parte de sua vida? Respeita seu corpo quanto ao que come? Quanto às horas de repouso que ele precisa? Tem respeito por amigos e familiares quando neles pensa? Perdoa suas ofensas?
É isso aí:
O pão nosso de cada dia nos dai hoje;
perdoai-nos as nossas ofensas,
assim como nós perdoamos
a quem nos tem ofendido;
e não nos deixeis cair em tentação,
mas livrai-nos do mal. Amém!
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