Tanto o cientista
quanto o jogador de futebol têm ideias. Os gênios têm grandes
ideias; os craques, pensamentos rápidos. Rápidas ou grandes, em alguns
casos, elas se mostram geniais.
Sabe aquela jogada
que surpreende? Que pega desprevenido o adversário? Que
arranca aplausos
da platéia? Muitas vezes até dos adversários!
Será que essas
jogadas têm algo em comum com aquelas teorias complexas que
levam a um Prêmio Nobel?
Têm sim: Ambos, o
craque e o gênio, são narradores de histórias. Veem a sua
frente dezenas, centenas, milhares de cenários e desenvolvem breves narrativas para cada
um deles baseados em seus conhecimentos, experiências anteriores e muito treino, observação e
obstinação.
A diferença entre
eles e o perna-de-pau é que alguns dos possíveis caminhos
mostram-se inviáveis. São rapidamente abortadas. São ideias que não se criam.
Um cientista, para
desenvolver uma teoria, vê cenários que permitem dizer de onde
viemos, onde estamos e aonde vamos. O craque, antes mesmo de lhe
chegar a bola aos pés, vê a posição presente de cada adversário, de seus companheiros
e onde eles estarão
no próximo segundo para resolver esta fantástica equação do
que fazer com a bola.
Já as pessoas
comuns, tanto em bola quanto ciência, não são boas em ver
cenários e menos ainda em desenvolver narrativas para se chegar ao cenário
possível ou desejável.
Basicamente o que
diferencia o gênio do parvo é a capacidade de abstração, tanto
para ver
possibilidades quanto para criar histórias para chegar a elas.
Em educação existem
uma série de conhecimentos técnicos e acadêmicos necessários
para sair da mediocridade, mas nenhum é mais importante que a
capacidade de abstração, seja para vislumbrar cenários ou para criar narrativas viáveis.
E a
melhor forma de se chegar a isso
é ler boa literatura.